quinta-feira, 1 de junho de 2017

Os deuses e os anjos: desejos, dúvidas, crenças

Não tenho intimidade com os deuses. Olho as crenças de longe. Respeito quem crê, mas suspeito bastante do caráter de quem finge crer. Sou partidário de uma história indefinida. Não sei quem é a criatura, nem quem é o criador. Os deuses existem para preencher nossos vazios, estimular obediências, exaltar o sagrado. Sou ético, solidário, afetivo. Não sinto necessidade de orações submissas. Observo que as religiões se encontram num sufoco imenso. O papa Francisco tem abalado os conservadores com suas declarações. Ele toca em assuntos antes proibidos. Causa arrepios. Desmonta grupos articulados com uma fé desbotada.
Cristo foi um revolucionário, porém não se fala nisso. Há muitos negócios nas religiões envolvendo políticos, meios de comunicação e práticas capitalistas. Dê uma circulada no facebook, acompanhe as notícias nos jornais.  analise as opiniões de certas figuras. Esquecem o passado. Não se lembram que Cristo defendeu a igualdade e foi contra a ordem dominante. Hoje, são raros os quem divulgam a palavra efetiva do novo testamento. Simulam que defendem a pátria e os valores da família. Há uma cinismo avassalador, muito bem guardado na alienação dos fiéis.
Portanto, desconfio dos que se meterem no catolicismo ou se aliaram aos discursos de exploração. Fragilizaram o cristianismo de raiz. A teologia da prosperidade não possui a minha simpatia. Vejo  os rituais coordenados por vozes que fazem proposta de venda de mercadoria e prometem salvação com barganhas. Não entendo como se justificam. Esvaziaram as lutas, querem gravatas e pessoas consumistas. É interessante como houve coincidências como os momentos históricos do Brasil, o orgulho de ter crédito e fazer parte de uma sociedade mais requintada. Tudo bem. Nada contra as mudanças sociais, desde que haja repartição e não concentração de riqueza.
Cultivar Malafaia, de forma  direta ou indireta, fazer apologia do vazio de Dória, como estimulante da assepsia social e se afirmar com companheiro de Cristo me parece estranho. A modernidade alterou crenças, Weber refletiu sobre a ética protestante, muitos padres duvidaram da Igreja congelada. Neutralidade não existe. Muitos morreram, mostraram-se rebeldes. Hoje, se quer plateia e votos. Constroem tempos valiosos. Não dá para acreditar que os anjos abençoem quem se coloque ao lado dos desejos e privilégios das minorias. A ascensão social é confundida com a generosidade.
As lutas políticas estão entrelaçadas com as religiosas. Observe os Estados Unidos e suas conspirações internacionais. Não despreze as ações do terrorismo, nem a violência que se propaga pelo Oriente. A queda dos valores afeta os acordos de paz e estimula a venda de armas. Estamos cercados por golpes constantes contra a liberdade e a utopia. Eles se globalizaram. Nada como uma visita à memória para relembrar muitos desenganos.Mussolini fez pacto com os católicos, Franco não foi diferente. No Brasil, há exemplos visíveis e polêmicos. Bolsanaro é ídolo. Há os fanáticos pelas suas manifestações. O pior são os que se escondem e abraçam à as fantasias mais enganosas. Os deuses e os anjos tremem diante dos seguidores oportunistas.
Por Paulo Rezende

Professor Edgar Bom Jardim - PE

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