sábado, 12 de agosto de 2017

E ninguém faz nada


O Brasil do gol
pe adentrou agosto. São 16 meses de práticas implacáveis de desmonte do Estado de Direito. E o povo brasileiro, rumo ao precipício, lembra o diálogo poético de Bertolt Brecht com Vladimir Maiakovski, pois ouve a falácia de que o País está quebrado e que, por isso, haverá cortes na carne.
Depara-se, porém, com a prática contraditória do aumento do percentual de cargos comissionados a ser ocupados na administração pública por não-concursados, reajuste nos salários do Judiciário, diplomatas, ministros do Supremo Tribunal Federal, entre outros cargos do alto escalão, licitações para a contratação de avião para um governo inadimplente.
Para sangrar o povo, decreta-se o congelamento por 20 anos nos investimentos em políticas sociais, retira-se o financiamento em pesquisas, asfixia-se as universidades públicas, pratica-se o calote no pagamento de salários de servidores públicos.
E ninguém faz nada. Talvez pela incerteza de se estar vivo daqui a 20 anos, talvez por crer que o golpe só prosseguirá até as eleições de 2018, talvez por não se reconhecer usuário das políticas sociais, estudantes e funcionários da administração pública.
Lá se vai o pré-sal nas mãos internacionais e para as mesmas mãos caminham o aquífero Guarani e as terras da Amazonas.
E ninguém faz nada. Talvez por não perceber a presença e o peso do petróleo e de seus derivados em seu próprio dia-a-dia. Talvez por não saber que as maiores reservas de água do planeta estão nos aquíferos brasileiros. Talvez por não entender a importância da floresta amazônica.
Abrindo mais as veias da nação brasileira, aprovam a contrarreforma trabalhista, arquivam a denúncia de corrupção passiva do chefe do Executivo e garantem a manutenção dos mesmos com a aprovação de uma escandalosa contrarreforma política, o “distritão”.
E ninguém faz nada. Talvez por não se perceber trabalhador, trabalhadora, afetado por essa contrarreforma. Talvez por saber que, com ou sem processo, a justiça nunca alcança aqueles que estão no poder. Talvez por desacreditar na política brasileira.
Enquanto tudo isso acontece, as esquerdas brasileiras batem boca e deixam a UERJ e os funcionários do estado do Rio de Janeiro na agonia. Fracionadas, apenas de quando em quando erguem suas frágeis bandeiras em marchas cívicas que convocam para as avenidas de sempre. As esquerdas não se apresentam, ou, no máximo, aparecem tímidas à resistência de categorias trabalhistas, dos povos indígenas, de populações periféricas. Acantonadas, soltam as vozes que culpam o povo por não reagir. As esquerdas investem na fé, na crença de que o golpe desembocará na foz de eleições democráticas em 2018.
De Carta Capital
Publicado em 12/08/2017.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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