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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

1º Dia da Festa de São Sebastião em Bom Jardim - PE.








Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Bonjardinense Manuel Mendes, Pioneiro viu a cidade nascer

Ex-funcionário do Ipase chegou ao DF em 1958 e ajudou a tornar real o sonho de JK

O dia 11 de novembro de 1957 não foi uma segunda-feira comum para o pernambucano de Bom Jardim, Manuel Mendes, que funcionário do Instituto de Assistência aos Servidores do Estado (Ipase), era um dos escolhidos para ajudar na construção da futura capital do Brasil e devia seguir viagem para o novo posto. “Sai do Aeroporto Santos Dumont às sete horas e foram várias horas de voo. Eram quatro da tarde quando o avião desceu e vi que só tinha terra vermelha e um jipe esperando para nos levar ao alojamento”. Mendes lembrou que as impressões acerca do novo lar não foram as melhores. Era um barraco de madeira com telhado de alumínio e distante do chão, pois era tempo de chuvas, onde também funcionava o escritório.

No início, a mão-de-obra era escassa, mas a notícia da construção da cidade se espalhou e chegava gente de todos os cantos do país, muitos analfabetos. “Eu escrevi e li muitas cartas para eles”. Com a estrutura sendo montada, alojamentos já iluminados por geradores e mais gente para a labuta, a construção ganhava dimensões. Assim, o desejo de Juscelino Kubitschek ganhava formas. Ruas, casas e prédios foram erguidos, Mendes passou a desempenhar diversas funções e até lançou o jornal O Barbeiro.

As comemorações da transferência da capital tiveram início no dia 20 de abril de 1960. “Eu me lembro muito bem. Assisti a inauguração toda, fiquei 48 horas acordado. A programação oficial da mudança começou às 17 horas, no Eixo Monumental. Entre desfiles e shows comemorativos, os operários montavam o altar para a missa. Este foi o momento que Brasília virou capital. A banda de Fuzileiros Navais tocou o Hino Nacional. Todos se puseram de pé e a cidade se iluminou. Eu chorei, Juscelino chorou, muita gente chorava; era muita emoção naquele momento”.
(*) Colaborou Nayara Mota

Fonte: Jornal Coletivo
Por Blog Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Cultura de Bom Jardim em alta: Produções de Onildo Pereira Santos e Dodó Félix, são difundidas e valorizadas pelos estudantes


Basta que o professor motive em suas aulas . Um livro, um texto contando um história , um cordel, uma palestra, tudo isso é estímulo para que os estudantes possam conhecer o valioso trabalho cultural de Onildo Pereira Santos e Dodó Félix, artistas populares. É dessa forma que os alunos aprendem a  gostar e valorizar nossa cultura.

Aula de artes com o Professor Edgar.  Criticas dos estudantes da Escola Justulino Ferreira Gomes, ao livro Bom Jardim Histórias e Folclore de Onildo Pereira Santos:


"Onildo Pereira foi um homem interessante, ele criou lendas, a do cavalo tom- tom é  muito bonita". ( Janiele 1º "B")


"Ele era muito importante, pois fazia historias que as pessoas adoravam". ( Letícia 1º " B" )


"Ele era homem humilde, cheio de imaginações, criatividades, contava vário fatos que eram reais, engraçados e fantasiosos. Ele é um grande orgulho para nossa Cidade Bom Jardim". ( Naiara 1º " C" )


"Onildo Pereira foi um escritor ótimo, escreveu sobre nossa realidade, gostei muito de"vida de pobre". ( José Nivaldo 1º " B" )


Na Escola de Referência Dr. Mota Silveira, a Professora Jana Cabral, promoveu junto aos professores e alunos do EJA Médio e do Programa Travessia, uma palestra com o Poeta Dodó Félix, também dentro das comemorações alusivas a semana do Folclore.

Dodó Félix  falou para os estudantes, nesta terça-feira, 23 de agosto, de seus primeiros contatos com o mundo da leitura e  de suas produções de folhetos de cordéis. A cada folheto lido muitos aplausos e o desejo de conhecer mais sua produção que hoje conta com 28 cordéis escritos. Ao final do encontro pedimos aos alunos uma avaliação oral com uma palavra. Confira:  Ótimo, bom, muito bom, etc...




Por Blog Professor Edgar Bom Jardim-PE

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Especial Folclore: Onildo Pereira Santos

Vendedor de Galinhas 
Bom Jardim História e Folclore


José Gomes comprava galinha no interior e as revendia na feiras do Recife.
Ao terminar a venda, cuidava da limpeza pessoal, e logo procurava um quiosque para fazer sua primeira refeição, que ninguém é de ferro.
 Já instalado, ordena para a garçonete; oh, moça ! Me traga uns seis pães doce, três francês, três, crioulos e uns quatro brote, mande estalar uma meia dúzia de ovos, um pratinho de carne com bastante molho, e um bule de café.
Dentro de pouco:
Tá pronto se José, pode chamar seu povo.
Qual povo? O povo sou eu mesmo.


O AUTOR



Onildo Pereira Santos - nasceu em 7 de outubro de 1926, na cidade de Bom Jardim - PE. Filho de Severino Pereira Barros e Josefa Pereira dos Santos. Estudou as primeiras letras com a professora Josefa Coleta de Albuquerque (Professora Santinha). Depois estudou no Colégio Sant' Ana e no Ginásio de Bom Jardim. Ao longo da vida exerceu as mais diversas profissões. Foi fabricante de bebidas e móveis, comerciante, político, construtor e , já aos 60 anos, iniciou-se no ofício de escritor, narrando fatos relacionados com a terra e a gente bonjardinense. Sempre viveu na terra que lhe serviu de berço. Residiu numa rua que foi construída por ele e tem o nome de seu pai.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Edgard Aquino Duarte

Edgard Aquino Duarte
Nasceu em 28 de fevereiro de 1941 em Bom Jardim, Estado de Pernambuco, filho de José Geraldo Duarte e Maria Francisca Duarte.

Desaparecido desde 1973, com 30 anos de idade.

Após terminar o 2° grau, Edgard ingressou na Marinha, tendo realizado vários cursos. Chegou a Cabo do Corpo de Fuzileiros Navais.

Participou, em 1964, da Associação de Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil, opondo-se ao golpe militar. Em conseqüência de sua destacada atuação na famosa revolta dos marinheiros, em 04 de junho de 1964, foi obrigado a se exilar no México. Mais tarde viajou para Cuba. Retornou ao Brasil em outubro de 1968 e viveu clandestino em São Paulo até sua prisão, em 03 de junho de 1971, realizada pelo DOI-CODI/SP.

No livro “Brasil Nunca Mais”, há a seguinte informação sobre Edgard: “Entrou em contato com seus pais em Recife, permaneceu dois meses em Bom Jardim (PE) e depois foi para São Paulo, onde montou uma imobiliária com um amigo. (...) Sempre trabalhando, não tinha contato com antigos companheiros. Certo dia, encontrou-se com o Cabo Anselmo que lhe disse ter chegado de Cuba, estando sem trabalho e moradia. Edgard o levou para morar em seu apartamento. No Natal de 1970, junto com o Cabo Anselmo e sua noiva foi ao Rio de Janeiro.

Em 1971 foi preso, na sua casa à Rua Martins Fontes, 268 - apto. 807, em São Paulo, sendo levado imediatamente para o DEOPS-SP, onde ficou à disposição da equipe do delegado Sérgio Fleury, sendo torturado.

Após a fase de torturas, ficou indefinidamente preso na cela de n° 4 do “fundão” (conjunto de celas individuais, isoladas).

Do dia de sua prisão até o mês de junho de 1973, Edgar esteve preso em vários órgãos de repressão política. Durante todo esse período, conviveu com diversos presos políticos, contando sua vida de prisão e torturas. Edgard dizia ter tido uma entrevista com um oficial do Exército que lhe dissera que seu caso estava à disposição do CIEx.

Edgar esteve preso no DEOPS-SP, DOI/CODI-SP, DOI-CODI/Brasília e Batalhão de Caçadores de Goiás.

Visto pela última vez em junho de 1973, no DEOPS-SP, estava barbudo, cabeludo, e muito debilitado fisicamente. Os carcereiros o retiravam da cela no Fundão do DOPS/SP e o levavam para um corredor. Lá diziam que ele deveria tomar sol porque, em breve, seria libertado. Mas era tudo uma farsa. O próprio Edgard rapidamente comentava com os outros presos: “Eles vão me matar e dizem que eu vou ser libertado.”

Numa dessas vezes, ele foi conduzido encapuçado para a carceragem, onde foi espancado e um de seus algozes gritou: “Você mexeu com segredo de Estado, você tem que morrer”.

Nos corredores do DOPS/SP, havia comentários de que ele teria descoberto “a dupla militância do Cabo Anselmo”, agente policial infiltrado nas organizações de esquerda e responsável por uma série de prisões e assassinatos de ativistas políticos. Isto ficou evidenciado com a queda de um grupo de militantes da VPR onde foram presos, torturados e assassinados seis integrantes da organização sob o comando do delegado paulista Sérgio Fleury. Tudo como conseqüência do trabalho do infiltrado ex-cabo Anselmo. Uma das testemunhas da delação deste alcagüete foi um dos sobreviventes, Jorge Barret Viedma, irmão de Soledad Viedma, que esteve no DOPS/SP, com quem Edgard confirmou essa informação.

Em julho de 1973, o advogado Virgílio Lopes Enei entrou com um pedido de Habeas Corpus em favor de Edgard. O Dr. Alcides Singilo, delegado do DOPS/SP informou que Edgard já havia sido libertado e, quando sua informação foi desmentida pois Edgard não entrou em contato com ninguém da família, ele retrucou: “Talvez ele tenha medo de represálias dos elementos de esquerda e por isso tenha evitado contatos com a família ou talvez já tenha sido morto por esse pessoal.”

A prisão e “desaparecimento” de Edgard foram testemunhados por todos os presos políticos que se encontravam recolhidos nos órgãos por onde passou. Entre as muitas testemunhas de sua prisão estão José Genoino Neto, Ivan Akselrud Seixas, Manuel Henrique Ferreira, Maria Amélia de Almeida Teles, Cesar Augusto Teles.

No Relatório do Ministério da Marinha consta que “em 10 de agosto de 1968 como elemento atingido pelo A.I. com o nome de soldado F.N. Edgard de Aquino Duarte, n° 60.30136-SPC.”

Seu nome consta no Arquivo do DOPS/PR, numa gaveta identificada como “falecidos”.
Fonte: http://www.torturanuncamais-rj.org.br/MDDetalhes.asp?CodMortosDesaparecidos=240
Publicado em 13/06/2011.

Henrique Pereira Lucena


Henrique Pereira Lucena
Político, o Barão de Lucena nasceu em Bom Jardim, em 1835. Foi ministro da agricultura e da fazenda, no governo do marechal DEODORO DA FONSECA. Entre 1890-1892, ministro do Supremo Tribunal Federal.

Foi, ainda, deputado-geral por Pernambuco (1886-1889) e chegou à presidência da Câmara. Morreu no Rio de Janeiro, em 1913.


Fonte: http://www.pe-az.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1057:henrique-pereira-lucena&catid=124:pernambucanos-letra-h&Itemid=144

Publicado em 13/06/2019.

Mário Souto Maior


mário souto maior 2

 

Mário Souto Maior
Folclorista e escritor, Mário Boaventura Souto Maior nasceu em Bom Jardim, a 14/7/1920, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais (Faculdade de Direito de Alagoas, 1945).

Ocupou vários cargos públicos: promotor de Justiça (Surubim, 1944/47); prefeito de Orobó, em 1945; diretor do Centro de Estudos Folclóricos da Fundação Joaquim Nabuco (Recife, 1980/90).

Membro da Comissão Pernambucana de Folclore, autor de vários livros, entre os quais: "Dicionário Folclórico da Cachaça" (1973); "Nomes Próprios Pouco Comuns" (1992); "Nordeste: a Inventiva Popular" (1976); "Dicionário do palavrão e Termos Afins" (1980); "Remédios Populares do Nordeste" (1986); "Frei Damião - Um Santo?" (1998) e outros. Prêmio Sílvio Romero, da Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, 1979; Gran Prêmio Iberoamericano Dr. Augusto R. Cortazar, Ministério da Educação da Argentina, 1989.

Morreu no Recife a 25 de novembro de 2001.


Fonte: http://www.pe-az.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1533:mario-souto-maior-&catid=129:pernambucanos-letra-m&Itemid=149

Levino Ferreira da Silva




Levino Ferreira da Silva
Músico e compositor, Levino Ferreira da Silva nasceu em Bom Jardim, Agreste pernambucano, a 02 de dezembro de 1890, onde ainda criança começou a carreira de músico, tocando trompa na banda do maestro Tadeu Ferreira.
Aos 22 anos, já era regente. Aos 45, mudou-se para o Recife, tendo participado da Orquestra da Rádio Clube de Pernambuco e da Orquestra Sinfônica do Recife (OSR), onde foi fagotista sob a regência do maestro Vicente Fittipaldi.

Faleceu no Recife, 09 de janeiro de 1970, deixando uma extensa obra da qual constam frevos, maracatus, peças folclóricas e religiosas.

Foi um dos maiores compositores de frevo que Pernambuco conheceu.

Dentre os seus grandes frevos-de-rua estão: Último dia, A cobra está fumando, Alegria de Pompéia, Amália no frevo, Comendo fogo, Dança do cavalo-marinho, Diabinho de saia, Diabo solto, Entra na fila, Gracinha no frevo, Lágrima de folião, Lá vai tempo, Mexe com tudo, Não adianta chorar, Papa-fila, Retalhos de saudade, Satanás na onda, Última troça, Vassourinhas está no Rio.

Trajetória de vida: Aos oito anos de idade começou a apresentar-se na banda do maestro Tadeu, tocando trompa. Mais tarde aprendeu a executar outros instrumentos de sopro e todos os instrumentos da banda, passando a substituir automaticamente qualquer componente que faltasse aos ensaios ou apresentações.

Em 1910, aos 20 anos de idade e já reconhecido como exímio instrumentista, transferiu-se para a cidade de Queimados, atualmente Orobó, também no Agreste do Estado, para assumir o cargo de mestre da banda da cidade. Atuou ainda na mesma década, como mestre da banda Vinte e Dois de Setembro, recebendo em decorrência disso diversos convites para organizar e dirigir bandas em cidades do interior pernambucano. Nesse período começou a compor músicas para o carnaval, embora não apresentasse ainda as influências do frevo.

Em 1919, fez sua primeira viagem a Recife. Durante toda a década de 1920 e até meados da década seguinte, percorreu diversas cidades do interior pernambucano, apresentando-se em festas e dirigindo bandas, como a de Limoeiro.

Já no começo da década de 1930, suas composições começaram a se tornar conhecidas em Recife, uma vez que eram editadas pela Casa de Música Azevedo Júnior. Em 1935, aos 45 anos, a convite do maestro Zumba, mudou-se para Recife. No mesmo ano, teve seu frevo "Satanás na onda" escolhido como vencedor do Concurso de Frevos do Recife, sendo, em seguida, gravado pela Orquestra Odeon.

Seus frevos passaram a ser cantados por quase todos os blocos e clubes carnavalescos da capital de Pernambuco. Passou a ser conhecido como Maestro Vivo.

Em 1937, teve sua composição "Diabinho de saia" gravada para o carnaval pela Orquestra Diabos do Céu.

Trabalhou em diversas rádios recifenses, fazendo parte da Orquestra da Rádio Clube de Pernambuco e da Orquestra Sinfônica do Recife. Integrou ainda o conjunto Ladário Teixeira, do maestro Felinho, como saxofonista e trompetista.

Em 1946 teve o frevo "Entra na fila" gravado por Zaccarias e sua orquestra.

Em 1951, ingressou na Rádio Tamandaré, onde foi chefe de orquestras e conjuntos.

Em 1964, no I Congresso do Frevo, realizado na cidade de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, recebeu um diploma de honra ao mérito.

Em 1970, ano de seu falecimento, a prefeitura do Recife e a Empresa Metropolitana de Turismo criaram o Troféu Levino Ferreira, destinado a homenagear os clubes sociais de Recife. Em 1971, recebeu postumamente a Medalha do Mérito da Cidade de Recife.

Além dos frevos, compôs valsas, dobrados, maracatus, choros e música sacra. Na música erudita, sua maior obra é a "Dança do cavalo-marinho", composta para a Orquestra Sinfônica do Recife e conhecida internacionalmente, tendo sido executada na França e na Inglaterra.

Entre diversos instrumentos, tocava também clarineta e pistom. Foi escolhido pelos fundadores do Centro da Música Carnavalesca de Pernambuco como patrono do Museu do Frevo que recebeu o seu nome.


Fonte: http://www.pe-az.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1284:levino-ferreira-da-silva-&catid=128:pernambucanos-letra-l&Itemid=148

Professor Edgar Bom Jardim
Publicado em 13/06/2011

Francisco Julião




Francisco Julião
Político, advogado e escritor, Francisco Julião Arruda de Paula nasceu a 16 de fevereiro de 1915, no Engenho Boa Esperança, município de Bom Jardim. Foi um dos líderes, em 1955, no Engenho Galiléia, das chamadas Ligas Camponeses, cooperativas que tinham por objetivo lutar pela distribuição de terras e levar os benefícios das leis trabalhistas aos camponeses

As Ligas Camponesas se espalharam por vários pontos do Estado de Pernambuco, pregavam uma reforma agrária radical assustando os proprietários de terras e, a partir de 1962, começaram a perder força depois que o presidente João Goulart decretou a sindicalização rural até então inexistente no Brasil.

Formado em Direito em 1939, no Recife, começou a trabalhar como advogado de trabalhadores rurais a partir de 1940. Deputado estadual por duas vezes, em 1962 foi eleito deputado federal por Pernambuco, tendo o mandato cassado por ocasião do golpe militar de 1964.

Libertado em 1965, exilou-se no México, retornando ao Brasil em 1979, beneficiado pela anistia. Em 1988, tentou eleição para deputado federal e foi derrotado. Retornou ao México para escrever suas memórias e, em 1991, estava novamente no Brasil.

Morreu de enfarte, a 10 de julho de 1999, na cidade de Cuernavaca, México, onde vivia desde que se recolheu, em 1997, para escrever um livro de memórias


Livros publicados: "Cachaça" (1951); "Irmão Juazeiro" (novela, 1961); "O Que São as Ligas Camponesas" (1962); "Até Quarta, Isabela" (memórias, 1965), com edições no México e Portugal; "Cambão: La Cara Oculta de Brasil" (1968); "Escuta, Camponês". Durante o período em que esteve preso, passou pela Fortaleza de Lage (RJ), onde encontrou Miguel Arraes e os dois trabalharam na tradução do livro "A Politização das Massas Através da Propaganda Política", do russo Sergei Tchakotine.
Julião desfaz alguns incorreções históricas
Trechos de entrevistas à imprensa brasileira


Não foi o criador das Ligas Camponesas:
"De 1940 a 1955, trabalhei como advogado de camponeses, não fundei a Liga, ela foi fundada por um grupo de camponeses que a levou a mim para que desse ajuda. A primeira Liga foi a da Galiléia, fundada a 01 de janeiro de 1955 e que se chamava Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Pernambuco.

Foi um grupo de camponeses com uma certa experiência política, que já tinha militado em Partidos, de uma certa cabeça, que fundou o negócio, mas faltava um advogado e eu era conhecido na região. Foi uma comissão à minha casa, me apresentou os estatutos e disse: 'Existe uma associação e queríamos que você aceitasse ser o nosso advogado'.

Aceitei imediatamente. Por isso o negócio veio bater na minha mão. Coincidiu que eu acaba de ser eleito deputado estadual pelo partido Socialista e na tribuna política me tornei importante como defensor dos camponeses

A famosa história de que a Liga surgiu para financiar enterros de crianças:
"Não. Isso é uma história que a gente criou para dramatizar um pouco mais, creio que um pouco ligado à poesia de João Cabral de Melo Neto e à "Geografia da Fome" de Josué de Castro. Como morria muita gente, podia-se falar em genocídio.
Em verdade, a Liga da Galiléia era para ver se podia pagar uma professora para alfabetizar os filhos do pessoal, pra conseguir crédito para enxadas e para comprar algumas coisas necessárias. Os camponeses fizeram uma cooperativa muito simples, via-se a marca da mão deles, e o juiz acabou aprovando a associação

De onde veio no nome Liga:
Quem batizou a Sociedade Agrícola e Pecuária com esse nome Liga, em 1955, foram os jornais do Recife para torná-la ilegal. A Liga Camponesa começou sendo crônica policial. Qualquer coisa relacionada com a Liga estava na página policial, porque consideravam que tudo que acontecia no campo não era senão uma série de delitos cometidos pelos camponeses sob a orientação desse fulano de tal, esse senhor advogado e agora deputado que criava conflitos, tirando a paz do campo

Mas, como o nascimento da Liga coincidiu com a chegada de Juscelino ao poder, com o problema do desenvolvimentismo, havendo uma certa euforia na burguesia nacional para quebrar os latifúndios e criar indústrias de transformação, então essa coincidência nos favoreceu


Contra a invasão de terras:
"Eu defendia o que estava no Código, na Lei, na Constituição. Nunca saí dali. A Liga Camponesa nunca foi u núcleo de guerrilha e sim um movimento de massa, um rio que ia crescendo à medida em que o camponês começava a se sentir mais politizado e, mais identificado com sua causa, tinha mais esperança de obter um pedaço de terra.

Como movimento, era fácil de receber muitas correntes, era um rio que recebia muitos afluentes. Entravam muitas tendências esquerdistas e algumas delas tratavam de radicalizar muito, usando uma linguagem tão radical que sectarizava o movimento.

Eu era contra a invasão de terras mas havia grupos que tomavam certa quantidade de camponeses e invadiam propriedades de senhores de engenho que já não cultivavam, esperavam para fazer especulação ou vender bem essas terras.
Eu dizia: Por que vocês invadem um pedaço de terra sabendo que isso pode desmoralizar o movimento? Essas coisas ocorreram algumas vezes e eu tinha que ir com muita dificuldade pra tirar esses camponeses e voltar.

Sobre a acusação, em 1963, de que as Ligas tinham armas:
"Nunca armei um camponês. Não existe um camponês da Liga que tenha sido armado. Primeiro: a Liga não tinha dinheiro. Segundo: eu não cria na possibilidade de uma guerrilha no Brasil, sobretudo porque havia liberdade de fundar sindicatos, ligas, cooperativas e era preferível usar esses instrumentos para fazer o movimento crescer.

Ademais, o número de camponeses realmente reunidos em ligas era pequeno em relação à grande massa camponesa desmobilizada. Essa acusação foi feita para encobrir o armamento dos usineiros. Tínhamos serviço de informação dentro das usinas, sabíamos que entravam caixas e caixas de metralhadoras, sabíamos onde estavam.

Muitos capangas de usinas eram aliados ou parentes de camponeses e informavam: 'Vocês se cuidem que tá entrando muita arma'. Entravam sobretudo por São Paulo, o governador Adhemar de Barros foi um dos homens que mais compraram armas para entregar aos latifundiários pernambucanos.

A penetração era fácil e a melhor maneira de encobrir essa penetração fácil de armas era dizer que as ligas estavam se preparando para a guerrilha, que recebiam armas tchecas

As ligas estavam-se espalhando pelo Brasil?

Havia camponeses com uma vaga esperança de que um dia a Liga chegasse lá no Piauí ou no Maranhão ou no sul do Ceará. Em Pernambuco e na Paraíba, aí sim, os movimentos camponeses eram fortíssimos, começando a entrar em Alagoas e numa parte da Bahia. O movimento crescia e chegou um momento em que recebeu uma grande importância por parte da imprensa, saindo da página policial para a política

Sobre a força social que as Ligas chegaram a ter antes de 1963:
"Chegou um momento em que o movimento realmente adquiriu força, mas começou a cair quando João Goulart decretou a sindicalização rural, o que antes era proibido no Brasil, considerado problema de segurança nacional. O I Congresso Camponês em Minas Gerais, em 1962, foi encerrado por Goulart decretando a sindicalização rural.

O Padre Laje, de Minas, começou a fundar sindicatos; o Padre Crespo, no Nordeste, também; a Igreja recebeu a incumbência de fundar sindicatos. Eu mesmo fundei 32, chamados de 'sindicatos da Liga' porque eram um pouco mais autônomos, não eram propriamente controlados pelo Ministério do Trabalho.

Muita gente que não era camponês, mas assalariado, cortador de cana, passou pro sindicato. A Liga era feita por gente que arrendava terra, mas como não havia sindicato, muitos vinham pedir ajuda pra receber um salário mínimo ou certos benefícios que a lei trabalhista dava aos assalariados do campo.

Por falta de sindicato, a Liga defendia essa gente. Mas quando o sindicato surgiu, houve um descenso.

Fonte: Jornal O Pasquim, edição de 12/01/197.


Fonte: http://www.pe-az.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1448:francisco-juliao&catid=122:pernambucanos-letra-f&Itemid=142


Publicado em 13/06/2011.