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quinta-feira, 6 de julho de 2017

FENEARTE: Governador Paulo Câmara (PSB) fez a abertura do evento na tarde desta quinta-feira

O mamulengueiro Miro dos Bonecos dança com a boneca Maria Grande na Ala dos Mestres da Fenearte / Foto: Angela Belfort/ Jornal do Commercio
O mamulengueiro Miro dos Bonecos dança com a boneca Maria Grande na Ala dos Mestres da Fenearte
Foto: Angela Belfort/ Jornal do Commercio
Da Editoria de Economia

O governador Paulo Câmara (PSB) abriu oficialmente a 18ª edição da Feira Nacional de Negocios do Artesanato (Fenearte) na tarde desta quinta-feira (06/07) no Centro de Convenções, em Olinda. “É um evento que está atingindo a sua maioridade gerando negócios, renda, além de mostrar a nossa cultura e artesanato não só para Pernambuco, mas para o mundo”, disse. O evento vai até o dia 16 de julho. A abertura contou com a presença do governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB).
O tema da feira este ano é a Arte é a nossa bandeira. São 5 mil expositores, que ocuparão 800 espaços numa área de 30 mil metros quadrados. Estarão presentes o artesanato de todos os Estados do Brasil e de mais 33 países, além de estandes que oferecem o artesanato feito por entidades assistenciais, projetos assistenciais, além dos instalados por várias prefeituras.

INGRESSO

O evento vai funcionar das 14h às 22 horas de segunda a sexta. No sábado e domingo, será das 10h às 22 horas. Os ingressos custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia) de segunda a quinta, de sexta a domingo é R$ 12 e R$ 6. Além da bilheteria da feira, o ingresso também é vendido na Loja Riachuelo dos shoppings RioMar, Tacaruna e Boa Vista. Nos Shoppings Recife e Guararapes a venda é no quiosque do Ticket Folia.
Jornal do Commercio

Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 27 de junho de 2017

Quem funda o mundo e a poesia?

Octavio Paz escreve com um fôlego admirável. É o tempo que ele tece ou ele é tecido pelo tempo? Fico deslumbrado. As palavras voam, adormecem, encantam. De onde elas surgem? Estão guardadas no coração do poeta? Sempre desconfiei que o mundo nunca será decifrado. Observo que os mistérios se confundem com as magias. O que dizer? Os saberes buscam verdades, assombram academias, aliviam dúvidas. Octávio Paz parece não se entendiar com as perguntas. Borda com paciência. Suas palavras não se perdem. Elas se encontram nas curvas, reconhecem que a arte é a saída para minorar a incompletude. Transcendem.
Nunca nego que os poetas são fundadores. Não dá para ficar celebrando deuses ou mergulhando religiões interessadas pelo pecado. Pedir perdão cansa. Muitas cerimônias vazias com pessoas que militam numa convivência social formal. Prefiro o desafio dos poetas. Eles possuem audácias. Não querem arrogâncias. Sabem que as magias não invenções tolas. Nomear, multiplicar as identidades, armar seduções. Se a vida fica no tédio das tecnologias, o abismo se enche melancolias. Portanto, provoque o diálogo das permanências com as mudanças. Não se agonie com a compexidade
O contemporâneo cultiva o descartável. Não gosta de profundidades. Octavio Paz nos remete para nostalgias. Não entra na apologia dos progressos. A história existe e o poeta não está fora dela. Ela caminha pela sensibilidade, não se restringe a fazer cálculos e eleger razões congelada. Livra-se das incertezas é uma fantasia que agrada. Mas como fugir das perguntas, dos escorregões? Quando entrelaçamos o ritmo das palavras a dança da vida se torna mais leve. As hierarquias incomodam, porém é preciso que haja comunicação. Não se impressione com a velocidade.
Falar com o outro, escutar o outro. Dizer o tempos, para não haja sustos repentino. Se os retornos existem, é fundamental compreendê-los. Não tropece nas explicações cartesianas. Procure contemplar. Não faça de tudo um espelho. Octavio não esconde que a história não se veste de uma definição fixa. A palavra que mora em apenas um significado não dimensiona a força do arco e da lira. Desprezar os poetas é jogar pó na imaginação. Aqueles que acreditam no poder da razão instrumenta estão enlouquecido com as máquinas. Lembram calendários de propagandas. Estão aprisionados pelas distâncias que nunca serão percorridas.
Por Antônio Paulo Rezende.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 28 de maio de 2017

As aventuras e os amores

Desenhe os caminhos escondidos da vida,
não trema, nem vacile, medite com ânimo.
Siga o caminho com mais curvas,
evite a reta, o sentimento despojado.
Ande sem temer o fantasma do eterno,
deixe os anjos levitarem anônimos.
O amor não se encontra na esquina,
nem se faz na solidão do banco da praça.
O amor é ilusão de felicidade enlouquecida,
mora no desejo que despreza a história curta.
Por Paulo Rezende
rofessor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 16 de maio de 2017

Amanhecer do Bom Jardim




                                          Fotos: Edgar Severino dos Santos



Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 10 de maio de 2017

30 anos do Mão Molenga Teatro de Bonecos

Mais de 50 bonecos que ajudaram a contar a história do povo brasileiro na inesquecível série “Brasil 500 anos”, exibida originalmente na TV Escola entre 1998 e 2003, foram restaurados e poderão ser apreciados pelo público pernambucano a partir desta quarta-feira, 10 de maio. Figurinos, imagens, vídeos e fotografias compõem ainda a mostra “Mão Molenga – Cenas de uma história”, que celebra no Recife os 30 anos do grupo pernambucano. Com curadoria de Marcondes Lima, a exposição conta com incentivo do Governo de Pernambuco, por meio do Funcultura, apoio da Massangana Multimídia Produções e é fruto de uma parceria da companhia com o SESC no estado.
Carla Denise/Divulgação
Carla Denise/Divulgação
Bonecos da princesa Leopoldina e de José Bonifácio integram a exposição
A série “Brasil 500 anos”, atualmente disponível na internet, contou com quatro temporadas: Um Novo MundoBrasil ColôniaBrasil Império e Brasil República, totalizando 30 episódios. Mais de 800 personagens, todos bonecos idealizados pelo Mão Molenga, ajudaram a contar a história do Brasil desde o tempo dos navegadores até os anos 2000, quando o país comemorou 500 anos.
Entre os bonecos que integram a exposição estão os personagens da família real, como Dom Pedro I, Dom Pedro II em várias fases, a princesa Leopoldina, dona Maria I, além de nomes como José Bonifácio, Zumbi dos Palmares, José do Patrocínio e Joaquim Nabuco. Há ainda personagens que existiram somente na ficção, para ajudar a recontar a história sob a perspectiva do cidadão. É o caso da vedete Virgínia, que não era uma personagem histórica, mas recebeu destaque e terá o cenário que aparecia na série recriado na mostra.
Divulgação
Divulgação
A vedete Virgínia é apresentada em sua cenário original
“Para cada personagem, era desenhado um ou mais croquis. Fazíamos uma pesquisa para saber as roupas de cada época, além de um estudo que envolvia desde a criação do boneco até a sua relação e as especificidades com a linguagem audiovisual”, explica Carla Denise, uma das integrantes do Mão Molenga, que assinou a direção de manipulação e dublagem durante toda a série. O Mão Molenga Teatro de Bonecos é formado pelos mesmos artistas desde a sua criação, em 1986: o encenador Marcondes Lima, a roteirista Carla Denise e os bonequeiros Fátima Caio e Fábio Caio. Os bonecos que compuseram a série de TV eram manipulados através de uma técnica mista, de luva e vara. Parte deles foi confeccionado em papel machê, e os corpos feitos de espuma, couro e metal. Entre as curiosidades, algumas delas: os bonecos mediam, em sua maioria, entre 50 e 60 centímetros; eram pintados com tinta de parede, porque não podiam brilhar no vídeo; muitos experimentos foram realizados para simular as cores de pele de portugueses, indígenas e negros; os bonecos precisavam ser maquiados com produtos feitos para humanos; e a peruca era um dos itens mais caros na composição.
A exposição é dividida em quatro etapas. O processo de criação e execução dos bonecos, desde a pesquisa até a finalização, vão compor o primeiro estágio. Algumas peças estarão à disposição para serem tocadas pelos visitantes. No segundo momento, os bonecos serão mostrados como objetos de arte, representando diferentes etnias e o universo dos personagens históricos. Uma linha do tempo de figurinos, desde o período colonial até os anos 2000, será montada nesse espaço. No terceiro trecho da mostra, o espectador terá contato com os bonecos em atuação: imagens em vídeo e fotografias estarão expostas. E, por fim, há um registro dos profissionais envolvidos na série. Cerca de 60 atores pernambucanos participaram do projeto como dubladores, como Irandhir Santos, Marilena Breda, Luciana Lyra, Leidson Ferraz, Quiercles Santana e Nilza Lisboa. A direção geral da série contou com Luiz Felipe Botelho, Fátima Accetti, Cynthia Falcão e Nilza Lisboa. A direção de arte reuniu nomes como Marcondes Lima e Walter Holmes, além de Maria Pessoa e Beto Martins na direção de fotografia.
Durante a temporada da mostra, o Mão Molenga vai realizar uma programação paralela, com oficinas, rodas de conversa, sessões especiais de três espetáculos do repertório do grupo (Babau, O fio mágico e Algodão doce), além de exposição virtual.
“Mão Molenga – Cenas de uma história”, em cartaz na Corbiniano Lins, terá trechos acessíveis a espectadores surdos ou com baixa audição, e cegos, ou com baixa visão, e poderá ter visitas guiadas sob agendamento para esses públicos específicos, sob a supervisão de Andreza Nóbrega, profissional da área de acessibilidade.
Mão Molenga Teatro de Bonecos
O primeiro espetáculo do grupo Mão Molenga Teatro de Bonecos foi o Retábulo da Barafunda, que ficou em cartaz na então Galeria Metropolitana de Arte Aloísio Magalhães, em 1987. Dedicado ao teatro de animação, especificamente ao teatro de bonecos, o grupo possui 18 espetáculos no seu repertório, em 31 anos de atividade ininterrupta. O Mão Molenga já se apresentou em todas as regiões do Brasil, em projetos como o Palco Giratório e inúmeros festivais, como o Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos.
Serviço:
Exposição “Mão Molenga – Cenas de uma história”
Abertura: 10 de maio, às 17h
Visitação: De segunda a sexta, das 9h às 17h, até 28 de julho
Onde: Galeria Corbiniano Lins (Sesc Santo Amaro – Rua Treze de Maio, 455, Santo Amaro)
Quanto: Entrada gratuita
Informações e agendamentos: (81) 3216-1728
Programação paralela:
Oficina Dramaturgia do movimento no teatro de animação
Quando: de 2 a 9 de maio; e de 6 a 9 de junho
Horário: 19h às 22h
Onde: Sesc Santo Amaro
Gratuita
Inscrições: Sesc Santo Amaro ou pelo telefone (81) 3216-1728
Oficina Construção de bonecos
Quando: 20 de maio a 17 de junho, aos sábados, das 9h às 12h
Onde: Sesc Santo Amaro
Quanto: R$ 40 e R$ 20 (comerciários e dependentes)
Inscrições: Sesc Santo Amaro ou pelo telefone (81) 3216-1728
Roda de Conversa: 500 anos, a série. Os bonecos no audiovisual pernambucanoQuando: 23 de maio, às 19h, no Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro). Entrada gratuita
Debate sobre teatro de animação em Pernambuco.
A atividade integra a Mostra Pernambucana de Teatro de Bonecos
Quando: 31 de maio, às 19h, no Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro). Entrada gratuita
Lançamento da exposição virtual
Quando: 30 de junho, às 17h, na Galeria Corbiniano Lins (Sesc Santo Amaro)
Espetáculos
Babau
Quando: 27de maio, às 16h, no Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro)
O fio mágico
Quando: 28 de maio, às 16h, no Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro)
Algodão doce*
Quando: 28 de julho, às 10h, no Teatro Marco Camarotti
*Nos 20 anos do Palco Giratório
Ingressos para os espetáculos:
R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)
Classificação indicativa dos espetáculos: 6 anos
Portal Cultura de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 7 de maio de 2017

São João do Brasil

Por Darse Júnior 
Se depender do esforço integrado do Ministério do Turismo, músicos do forró e parlamentares, o som da sanfona do São João vai embalar a economia Brasil afora. Nesta quarta-feira (17), o ministro Henrique Eduardo Alves esteve reunido com artistas como Genival Lacerda e Santana o Cantador, onde se comprometeu a buscar recursos para apoiar o evento e transformá-lo em uma celebração nacional. Está prevista também a realização de uma pesquisa para medir o impacto econômico e ajudar na divulgação desta tradição brasileira nos mercados nacional e internacional.
"Vou conversar com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, para usarmos a Olimpíada para mostrar ao mundo o nosso São João", propôs Henrique Eduardo Alves. A ideia é levar atrações típicas das festas juninas para a Casa Brasil, um espaço dedicado à promoção do país nos jogos olímpicos. "Estamos falando de uma manifestação cultural que tem muito potencial para atrair os estrangeiros", completou.
O ministro também irá articular, junto ao governo federal, a liberação da emenda da Comissão de Turismo, no valor de R$ 13 milhões, para apoio às festas de São João, além de sugerir que seja realizada uma sessão do Congresso Nacional sobre o tema. Para chamar a atenção da população brasileira, da mídia e de possíveis patrocinadores, Henrique Eduardo Alves promoverá em Brasília, no mês de maio, uma festa de São João com atrações de diversos estados. "Precisamos estar unidos, trabalhar juntos, governo, parlamentares e artistas para fortalecer esta importante manifestação cultural do país", destacou.
O ex-secretário de Turismo da Bahia, Domingos Leonelli, responsável pela articulação entre cantores, parlamentares e o MTur, ressaltou o aspecto econômico da festa. "O movimento do comércio registrado no São João na Bahia só perde para o Natal. É maior que o Dia das Mães, por exemplo", avaliou. Ele lembrou que, apesar da comemoração ser mais forte no Nordeste, todo o Brasil comemora o São João. "É uma festa capaz de unificar o país", afirmou. De acordo com Leonelli, eram vendidos 12 mil pacotes de viagem para a Bahia em 2008 por uma única agência de viagem. Depois de um trabalho estruturado para promover o São João, foram vendidos 40 mil pacotes em 2012.
Para a senadora Lídice da Mata (PSB/BA), o São João é uma forma de diversificar a oferta turística brasileira. "O turismo não pode ser uma atividade apenas do litoral. O Brasil tem um interior rico em cultura e precisamos valorizá-lo", ressaltou. A audiência contou, ainda, com a presença do secretário de Turismo da Bahia, Nelson Pellegrino, e de diversos deputados federais que firmaram o compromisso de reforçar o orçamento do Ministério do Turismo nos próximos anos, por meio de emendas parlamentares, para apoiar o São João. turismo.gov.br

Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Belchior

Fotografia 3x4.
Eu me lembro muito bem do dia em que eu cheguei
Jovem que desce do norte pra cidade grande
Os pés cansados e feridos de andar légua tirana...nana
E lágrima nos olhos de ler o Pessoa
e ver o verde da cana..nana iiiiiii
Em cada esquina que eu passava
um guarda me parava, pedia os meus documentos e depois
sorria, examinando o três-por-quatro da fotografia
e estranhando o nome do lugar de onde eu vinha.
Pois o que pesa no norte, pela lei da gravidade,
disso Newton já sabia! Cai no sul grande cidade
São Paulo violento, Corre o rio que me engana..nana iiiii
Copacabana, zona norte
e os cabarés da Lapa onde eu morei
Mesmo vivendo assim, não me esqueci de amar
que o homem é pra mulher e o coração pra gente dar,
mas a mulher, a mulher que eu amei
não pôde me seguir ohh não
esses casos de família e de dinheiro eu nunca entendi bem
Veloso o sol não é tão bonito pra quem vem
do norte e vai viver na rua
A noite fria me ensinou a amar mais o meu dia
e pela dor eu descobri o poder da alegria
e a certeza de que tenho coisas novas
coisas novas pra dizer
a minha história é ... talvez
é talvez igual a tua, jovem que desceu do norte
que no sul viveu na rua
e que andou desnorteado, como é comum no seu tempo
e que ficou desapontado, como é comum no seu tempo
e que ficou apaixonado e violento como, como você
Eu sou como você. Eu sou como você. Eu sou como você
que me ouve agora. Eu sou como você. Como Você.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 31 de março de 2017

A história e astúcia

Conte as pedras da história sem sentir o peso,
como se fossem metáforas transcendentais e agudas.
Não acredite no deus que não dança, nem na sereia que não seduz.
Mergulhe no mar da aventura numa embarcação velha,
e compare-se com Ulisses inventando astúcias e risos.
Não seja objetivo, dispense os gênios da academia
e procure a lâmpada de Aladim sem agonia e pressa.
Não esqueça Scherezade, nem do seu amor platônico pelas palavras,
fuja das histórias que não tem perfumes e dos amores que adormecem.
Salve-se marcando um encontro com Vênus na curva do labirinto,
há nela uma luz que abandonou seu último sonho cheia de preguiça e insensatez,
mas consegue desenhar todo seu rosto iluminado-o com uma pequena sombra.
Seja hermeneuta, não se encante com os conceitos sem lágrimas e sem coração.
Por Paulo Rezende.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 1 de março de 2017

Vídeo do IV Encontro de Burrinhas, Caboclinhos, Catirinas e Maracatus de Pernambuco.

Assista ao vídeo AQUI em LEIA MAIS.
" O Encontro de Burrinhas, Caboclinhos, Catirinas e Maracatus de Pernambuco, é uma Universidade de Cultura Popular, aberta para todos. Educação e Expressão Artística, Humanidades e Protagonismo Cultural de Bom Jardim. Existem pessoas, que infelizmente, não consegue enxergar essa riqueza, um verdadeiro espetáculo de conhecimento, saber, criatividade, cultura, tecnologia social, desenvolvimento da economia criativa e solidária, fomento ao turismo regional, sustentabilidade da nossa memória, história e identidades com base na miscigenação". Professor Edgar S. Santos - Produtor Cultural/ Idealizador do Projeto.
Foto e Vídeo de Glecy Carla e Chico Pezão.

Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=B42wnb_f8bo
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

De crime a arte: a história do grafite nas ruas de São Paulo


Bárbara Goys faz grafite em muro da cidadeDireito de imagemLEO PINHEIRO
Image captionPara Bárbara Goys, criadora de um dos painéis apagados na ação da prefeitura, é preciso valorizar a importância do grafite no desenvolvimento turístico da cidade

No início da década de 1980, desenhos enormes de frangos assados, telefones e botas de salto fino começaram a aparecer em muros de São Paulo.
Eram alguns dos primeiros grafites em espaço público da capital paulista, feitos pelo artista etíope radicado no Brasil Alex Vallauri.
Naquela época, com a liberdade de expressão caçada pela ditadura militar, o grafite era considerado crime pela legislação brasileira. "A própria ocupação da rua já era vista como um ato político", diz o sociólogo e curador de arte urbana Sérgio Miguel Franco.
E nas obras de Alex Vallauri era possível entender o lado político do grafite paulistano: um dos seus primeiros desenhos foi o "Boca com Alfinete" (1973), uma referência à censura.
Nos anos seguintes, ele encheu os muros da capital de araras e frangos que pediam Diretas Já, o slogan do movimento por eleições diretas no final da ditadura.
Vallauri influenciou outros artistas a ocuparem as ruas da capital paulista e a data de sua morte - 27 de março de 1987 - é lembrada como o Dia do Grafite no Brasil.
O aniversário de 30 anos da data, em 2017, criou nos artistas a expectativa de que este seria um ano de valorização do trabalho que fazem na cidade.
No entanto, em 14 de janeiro, o novo prefeito da capital paulista, João Doria Jr. (PSDB), anunciou que seria apagados os painéis da avenida 23 de Maio, como parte do programa "São Paulo Cidade Linda".
A decisão provocou críticas dos artistas e dividiu opiniões entre especialistas em arte urbana.

Primeira versão do painel na passagem subterrânea que liga à avenida Dr. Arnaldo à avenida Paulista, em São PauloDireito de imagemREPRODUÇÃO
Image captionPrimeira versão do painel na passagem subterrânea que liga à avenida Dr. Arnaldo à avenida Paulista, em São Paulo

Grafitódromo

Com a polêmica gerada após a ação, a Secretaria da Cultura de São Paulo afirmou que pretende cria uma área para grafiteiros e muralistas no bairro da Mooca, na zona leste de São Paulo, chamada de grafitódromo. Segundo Doria, assim como a arte fica nos museus, o grafite também deve ficar em "lugares adequados".

Casa grafitada por Bárbara GoysDireito de imagemLEO PINHEIRO
Image caption"Por trás de um grafite existe uma história que não pode ser ignorada. Ignorar a história de uma obra de arte é um tiro no pé", diz a grafiteira Bárbara Goys

A ideia é inspirada em Wynwood, um bairro de Miami que abriga painéis e murais de arte urbana, assim como a venda de produtos licenciados para viabilizar o negócio.
"Doria não precisa olhar para Miami para intervir nas artes de rua. O mundo é que olha para nós. São Paulo sempre foi a capital do grafite mundial", afirma Rui Amaral, autor do primeiro grafite pintado à mão em São Paulo, em 1982.
Para o artista plástico Jaime Prades, que também fez parte da primeira geração de grafiteiros, o grafitódromo representa um limite para liberdade de expressão. "É uma visão paternalista que quer impor o que considera 'certo'. Logo, o grafite é algo errado, que tem que ser contido e controlado", diz.
"Mas nesse caso, não seria mais grafite, já que a alma do grafite é interagir com a cidade livremente."
A prefeitura também informou que criará um programa de grafite, que terá início com a criação, na rua Augusta, do Museu de Arte de Rua (MAR), no qual 150 artistas terão seus painéis expostos por até três meses.
"Criar um distrito para o grafite pode ser interessante, pois daria total liberdade para aqueles artistas exercitarem sua arte. Seria necessário verificar quais seriam estes critérios para estabelecer o local certo. Eles teriam que ser ouvidos e a população também", defende o arquiteto João Graziosi, professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie.

Jamie Prades trabalha em grafite feito nos túneis da Paulista em 1987Direito de imagemNETA NOVAES
Image captionJamie Prades trabalha em grafite feito nos túneis da Paulista em 1987

Graziosi diz, no entanto, que a criação do grafitódromo não deve excluir outros locais da cidade possíveis para os murais e grafites. "Os painéis da 23 de maio, assim como a parte de baixo de viadutos e uma série de paredes cegas existentes na cidade ficaram bem melhores com a intervenção artística, por exemplo. Acho que deveriam continuar a existir."
Já para a arquiteta e professora Ana Cláudia Scaglione Veiga Castro, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, "a ideia de grafites em 'lugares adequados' pareceria inadequada se não fosse trágica".
"Trata-se de uma espécie de ação de marketing que busca dar visibilidade a essa ideia de prefeito-gestor, aquele que administra a cidade como se esta fosse uma empresa. Nesse caso, o 'gerente' da empresa quer dar um exemplo para seus 'funcionários e clientes' de que não se deve sujar as paredes."

Grafite x pichação

A discussão sobre o grafite como arte ou como vandalismo, segundo Rui Amaral, reflete o modo como cada gestão pública entende essas intervenções urbanas.
A autorização para fazer intervenções na avenida 23 de Maio, por exemplo, era pedida pelos artistas desde a gestão de Jânio Quadros (1986 a 1989), mas foi autorizada somente no fim da gestão de Fernando Haddad (PT), em 2016.
"A avenida 23 de Maio foi o ápice do movimento artístico urbano paulistano", relembra Amaral, que é responsável pelas gravuras do buraco da av. Paulista, desenhados pela primeira vez, de forma ilegal, em 1989 e legalizados em 1991 pela gestão de Luiza Erundina (PT).
Até 2011, o grafite em edifícios públicos era considerado crime ambiental e vandalismo em São Paulo. A partir daquele ano, somente a pichação continuou sendo crime.
De um modo geral, a pichação - que costuma trazer frases de protesto ou insulto, assinaturas pessoais ou de gangues - é considerada uma intervenção agressiva e que degrada a paisagem da cidade. O grafite, por sua vez, é considerado arte urbana.
Para o sociólogo Alexandre Barbosa Pereira, pesquisador de Antropologia Urbana da Unifesp, a dissociação entre grafite e pichação contribuiu para que o grafite começasse a ser aceito, mas apenas como forma de combate ao picho.
O pesquisador lembra que uma das justificativas da gestão Doria para apagar os painéis da 23 de Maio era a presença de pichação sobre eles.
"O grafite, mais associado à arte, é mais facilmente entendido como forma de ação do Estado e mesmo do mercado, já a pichação, execrada pela maioria da população, é uma máquina de guerra, nômade e difícil de ser capturada. Assim, fica mais fácil criminalizar esta e mesmo criar certo pânico moral em torno dela como forma de marketing político e publicidade pessoal."

Primeiro grafite feito à mão em São Paulo, por Rui AmaralDireito de imagemREPRODUÇÃO
Image captionPrimeiro grafite pintado à mão em São Paulo foi feito por Rui Amaral em 1982

Outro efeito da decisão de legalizar somente o grafite, segundo Rui Amaral, é a confusão entre os conceitos de grafite, pichação e muralismo.
De acordo com o artista, foi o que aconteceu na decisão do atual prefeito de apagar os painéis da avenida 23 de Maio. "O que havia na 23 de Maio eram murais, e não grafite. Os murais são painéis autorizados e encomendados", afirma.
"(A artista plástica japonesa naturalizada brasileira) Tomie Ohtake também tem painéis em espaços públicos e duvido que a gestão pública mexeria na obra dela sem consultar os responsáveis."
A artista plástica Bárbara Goys, autora de um dos painéis apagados da 23 de Maio, diz que ação contra as obras é "um tiro no pé". "Por trás de um grafite existe uma história que não pode ser ignorada", diz.
"A própria capital criou um guia mapeando os grafites na cidade. Não sei como será agora, talvez tenham que refazer este guia. E, infelizmente, agora a avenida 23 de Maio perde o título de maior mural a céu aberto da América Latina."

Do erudito ao popular

Qual é exatamente a origem do grafite em São Paulo? Para acadêmicos, ele é fruto dos jovens do movimento hip hop que nasceu na periferia da capital. Mas para alguns dos pioneiros da arte de rua na cidade, o grafite paulistano nasceu de movimentos artísticos consagrados, que foram trazidos para um contexto público e urbano.
Segundo o sociólogo Sérgio Miguel Franco, os primeiros desenhos que apareceram na capital eram influenciados pelas culturas negra e latina e traziam consigo um traço marginal. "O grafite foi um espelho próspero para a cultura desenvolvida pelos jovens de origem periférica da cidade."

Grafite de Prades, de 1987, próximo à PaulistaDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionPrades, membro de um dos primeiros grupos de grafiteiros do Brasil, diz que experiência era "catarse"

Para o artista Prades, os 20 anos de censura e isolamento cultural imposto pela ditadura militar fizeram com que os grafiteiros que passaram a ocupar as ruas na década de 1980 se inspirassem na obra dos artistas plásticos da geração dos anos 1960.
"O pensamento que alimentava as ações de arte nas ruas era fruto da nossa tradição modernista, da anarquia antropofágica, da poética neoconcretista, da irreverência inspiradora de Flavio de Carvalho, Waldemar Cordeiro, Lygia Pape, Lygia Clark, Hélio Oiticica, Artur Barrio, Nelson Leirner, Mira Schendel e muitos outros", conta.
Prades era membro do Tupinãodá, um dos primeiros grupos de artistas grafiteiros do Brasil. O coletivo, responsável pela ocupação do Beco do Batman, na Vila Madalena, escolhia lugares públicos considerando sua relevância para a cidade de São Paulo.
"Evitamos sair por aí pintando nas paredes das casas das pessoas, não fazia sentido. Quando decidíamos pintar, escolhemos espaços públicos de grande impacto urbano", afirma.
"Era uma catarse, um grito de jovens artistas de uma geração esmagada pela brutalidade insana e truculenta da ditadura. Artistas que não trilharam o caminho da formalidade e que, ao perceberem a dificuldade de encaixar-se no sistema da arte, procuraram encontrar o seu próprio espaço."  Fonte:BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE