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domingo, 28 de janeiro de 2018

Cinema: Guillermo del Toro é acusado de plágio por "A Forma da Água"


Um herdeiro do dramaturgo Paul Zindel acusa o filme "A Forma da Água", de Guillermo del Toro, de se aproveitar do trabalho do autor sem creditá-lo.
Segundo David Zindel, filho do dramaturgo americano vencedor do Pulitzer, o longa contém muitos dos mesmos elementos de uma peça escrita por seu pai em 1969, e que virou atração na TV.

Em "Let me Hear You Whisper", o texto que supostamente foi plagiado, uma zeladora cria um laço com um golfinho que é mantido num laboratório e tenta resgatá-lo.
No filme de Del Toro, uma faxineira se afeiçoa a um monstro aquático aprisionado num laboratório e tenta libertá-lo.

"Estamos chocados que um grande estúdio pudesse ter feito um filme tão escancaradamente derivado da obra de meu pai sem que dar o devido reconhecimento", escreve David num e-mail enviado ao jornal britânico "The Guardian".

"A Forma da Água" concorre em13 categorias no Oscar, incluindo roteiro original, assinado apenas por Del Toro e por Vanessa Taylor. Um porta-voz da Fox Searchlight, estúdio por trás do filme, negou as acusações.

"Guillermo del Toro nunca leu ou viu a peça em qualquer forma", diz o comunicado. "E ele sempre foi muito aberto em dizer quais são as suas influências." Em entrevista, Del Toro disse que a ideia teve origem numa conversa sua com o produtor Daniel Kraus, que propôs uma história sobre "uma zeladora que rapta um homem-anfíbio de um laboratório".
CONTÉM SPOILERS
Ambas as histórias são ambientadas nos anos 1960 e trazem curiosas semelhanças: nos dois casos, as protagonistas trabalham em plantões noturnas e constroem suas respectivas relações com a criatura aquática por meio do oferecimento de comida e de dancinhas.

Além disso, nos dois casos, os laboratórios em que as tramas são ambientadas são secretos e estão envolvidos em operações militares. E a trama se desenrola, em ambos, depois que a protagonista descobre que há planos para matar a criatura aquática.

Outros detalhes: nos dois casos, um carrinho de lavanderia é usado no resgate, e existe uma cumplicidade entre a protagonista e uma outra colega de limpeza.
Morto em 2003, Zindel venceu o prêmio Pulitzer em 1971 pela peça "The Effect of Gamma Rays on Man-in-the-Moon Marigolds".
Com informações de Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 21 de janeiro de 2018

Arte:o patrimônio de ritmo e adoração de Pernambuco


A batida dos pés, os batuques, as danças, a religião: cada parte das tradições que vieram com os negros desde a época da escravidão ainda vive. E é durante o Carnaval que elas são mais abertamente exaltadas. Os grupos de maracatu, afoxé, ciranda, coco e até o samba, que dão ritmo a uma das festas mais características de Pernambuco, também relembram a adoração aos orixás e os instrumentos antigos que resistiram junto aos costumes de uma religião que atravessou séculos, vinda de várias partes da África, e que se incorporou fortemente à cultura nordestina.

“A nossa cultura negra significa não esquecer os nossos valores”, conta Mametu Nadja de Angola, rainha do Maracatu Nação Leão da Campina. “Os primeiros sons dos tambores, os primeiros couros colocados, aquelas danças com tanto sofrimento, tudo veio de um povo pisando descalço e que, mesmo assim, ainda tirava alegria da dança”, reflete Mametu, que é mãe do Abassá Kaiangu Kìa Ìtembu, onde defende com seus filhos e netos a tradição de terreiros angolanos.

O maracatu é negro, acima de quaisquer outras influências culturais, que são vislumbres de vários países africanos e elementos ameríndios e europeus incorporados em algum ponto entre os séculos 17 e 18.

Nos anos seguintes, a tradição virou ritmo, dança, adoração e patrimônio cultural imaterial de Pernambuco pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2014, dentro de suas duas facetas: o maracatu Nação (ou de baque virado), com sua orquestra de percussão, e o maracatu rural (baque solto), com os instrumentos de sopro e os caboclos de lança incorporados, que contam também a história dos trabalhadores dos canaviais.

Olhando um maracatu seguir, é possível identificar as damas do paço, carregando as calungas, bonecas sem as quais a procissão não sai. Elas são a representação religiosa de cada nação e simbolizam uma entidade ou uma rainha morta. São vivas para o Candomblé e também dão vida a todo o resto do passeio.

“O maracatu e o terreiro são duas coisas inseparáveis”, afirma o mestre Shacon Viana, da Nação Porto Rico, grupo centenário cuja rainha, Mãe Elda, é yalorixá de Oxóssi e foi coroada dentro da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, um passo inigualável para a reafirmação da religião. “Sem o candomblé, o maracatu vira qualquer coisa.”

Mas a manifestação cultural vai além das veias religiosas. Tem um apelo de espetáculo. Toda a organização relembra a coroação dos Reis do Congo, seguindo as calungas, com uma corte de duques e duquesas, príncipes e princesas, embaixador e, embaixo do guarda-sol (o pálio) segurado pelo lacaio (escravo, como muitas nações chamam), vêm o Rei e a Rainha com sua espada e seu cetro.

A corte tem movimentos e danças características e é acompanhada por baianas e uma orquestra composta apenas de instrumentos de percussão: alfaias, caixas e tarôs, ganzás, gonguê e abês.

No Recife, a representação dos orixás e da religiosidade, além de sacralizar a festa de Carnaval, dedicada aos deuses, ainda reafirma a importância da tradição de matrizes africanas.

“O maracatu se torna, para o nosso povo, a representação de uma religião, da vida, da tradição e de tudo que é mais sagrado”, conta o mestre Shacon. “É também uma válvula de escape e uma forma de fazer com que nosso povo se descubra, se valorize e entenda seu legado”, aponta.

Essas matrizes aparecem tanto nos símbolos quanto no ritmo dos maracatus, nascidos nos antigos engenhos e fazendas que abrigavam os escravos; também está no coco, afoxé, na ciranda, no samba.

Dentro dos terreiros e grupos de música, o que importa vai muito além da dança. “A cultura não é só a coisa bonita em cima do palco, a gente faz todo um trabalho social em volta disso”, explica Mametu Najda.

Entre os filhos do seu abassá (o local onde as cerimônias são celebradas), ela investe em educação para os jovens, cuidado familiar para os adultos e conscientização para todos.

“Temos que fazer com que os jovens olhem a vida com um jeito diferente. Também temos que ter cuidado quando saímos na rua para nossas obrigações”, enumera a mãe, que reconhece as dificuldades de manter uma religião que nem sempre é respeitada em uma época violenta, ainda mais em periferias, onde as nações costumam se estabelecer. “Cada um faz um pouco para tornar a vida melhor. Cada grupo de afoxé, de coco, de maracatu”, afirma mametu Nadja, que reafirma a unidade entre as entidades que se dedicam às raízes africanas. Todos nós fazemos.”     Fonte:Folha de Pernambuco. Foto: Brenda Alcântara
http://professoredgarbomjardim-pe.blogspot.com.br/2018/01/arteo-patrimonio-de-ritmo-e-adoracao-de.html

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Lia de Itamaracá - Patrimônio Vivo


Vídeo:Professor Edgar entrevista Lia de Itamaracá em Bom Jardim -PE.
 Gravado em 2005.
https://www.youtube.com/watch?time_continue=143&v=-K3k2qupKMM
Conheça mais:
Lia de Itamaracá.


Maria Madalena Correia do Nascimento nasceu no dia 12 de janeiro de 1944, na ilha de Itamaracá, Pernambuco. 
Sempre morou na Ilha e começou a participar de rodas de ciranda desde os 12 anos de idade. Foi a única de 22 filhos a se dedicar à música. Segundo ela, trata-se de um dom de Deus e uma graça de Iemanjá.

Mulher simples, com 1,80m de altura, canta e compõe desde a infância e hoje é considerada a mais famosa "cirandeira" do Nordeste brasileiro.

Trabalha como merendeira numa escola pública da rede estadual de ensino e, nas horas vagas, dedica-se à musica e à 
ciranda, além de cantar e compor cocos de roda e maracatus

A compositora Teca Calazans foi uma das primeiras pessoas interessadas na cultura popular nordestina a descobrir o seu talento e acabaram fazendo alguns trabalhos em parceria, como o resgate de músicas em domínio público e composições.

Maria Madalena c
omeçou a ficar conhecida como Lia de Itamaracá, nos anos 1960 e é a fonte de um refrão famoso, recolhido pela compositora Teca Calazans: Oh cirandeiro/cirandeiro oh/ a pedra do teu anel brilha mais do que o sol. A estes versos Teca incorporou uma toada informativa, que também teve grande sucesso: "Esta ciranda quem me deu foi Lia/ que mora na ilha de Itamaracá".
Em 1977, Lia gravou seu 
primeiro disco, intitulado A rainha da ciranda,não recebendo, no entanto, nenhum pagamento pelo trabalho.
Mais de d
uas décadas depois foi redescoberta, quando o produtor musical Beto Hees a levou para participar do festival Abril Pro Rock, realizado no Recife e em Olinda, em 1998, onde fez grande sucesso e tornou-se conhecida em todo o Brasil. Antes ela só era famosa em Pernambuco e entre compositores e estudiosos da cultura popular nordestina.
Em 2000, saiu seu CD 
Eu Sou Lia, lançado pela Ciranda Records e reeditado pela Rob Digital, cujo repertorio incluía coco de raiz e loas de maracatu, além de cirandas acompanhadas por percussões e saxofone.
O CD acabou sendo 
distribuído na França por um selo de world music e a voz rascante de Lia chamou a atenção da imprensa internacional, que começou a batizar suas canções de trance music, numa tentativa de explicar o “transe” que o som causava no público.
Mesmo obtendo um sucesso tardio, fez turnês internacionais obtendo muitos elogios. O jornal 
The New York Times a chamou de “diva da música negra”.

No Brasil, Lia também conquistou mais espaço. Participou com uma faixa no CD Rádio Samba, do grupo Nação Zumbi, teve seu nome citado em versos dos compositores pernambucanos Lenine e Otto, e críticos de música a comparam a Clementina de Jesus.

As cirandas pernambucanas de Lia são cantadas por muitos.

Referencial da cultura pernambucana, Lia de Itamaracá, hoje, é uma das lendas vivas do Estado e continua morando na ilha de Itamaracá.


Lúcia Gaspar

Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Lixo:“Anitta é o melhor exemplo da decadência cultural do Brasil”


O historiador Marco Antonio Villa e a cantora Anitta (Foto: Divulgação)
O novo sucesso de Anitta, “Vai Malandra”, desagradou o historiador Marco Antonio Villa, comentarista da Jovem Pan, que toca os sucessos da funkeira com frequência. Na manhã desta terça-feira, 9, em uma participação no “Jornal da Manhã”, ele fez duras críticas à música, ao clipe e à artista.
Para ele, “Vai Malandra dá nojo” e “Anitta é o melhor exemplo da decadência cultural do Brasil”.
“Nós vivemos uma decadência cultural. É inquestionável, inegável. A ignorância se transformou em política oficial. Quanto mais medíocre melhor. Eu pego como exemplo essa moça. A cantora Anitta é o melhor exemplo da decadência cultural do Brasil. A música ‘Vai Malandra’ e o vídeo são uma das coisas mais racionárias que eu vi na minha vida. A desqualificação da mulher é um absurdo. Não vou chamar de versos na letra, que seria exagero. Ela está com uma bota com a bandeira do Brasil”, criticou Villa.
“Observe que há toda uma mercantilização do corpo da mulher e uma idealização da favela, que é favela mesmo, não é comunidade. É favela. Nós não podemos pelo nome transmudar, através de uma palavra, uma vergonha nacional, que é a existência das favelas. As pessoas não podem morar naquelas condições de vida terríveis, naquele espaço marcado pelo crime, não pode. As pessoas têm que morar em condições adequadas. Morar ali é impossível, e não há meio de reformá-las. O vídeo dá nojo, dá asco. Chamaram isso do ‘novo hino nacional brasileiro”, completou.
Recentemente, o colunista do jornal O Globo Nelson Motta fez uma matéria onde ressalta a importância de Anitta para o Brasil. Para ele, a funkeira se tornou a artista do momento e atingiu um alto patamar de sucesso ao longo de 2017.
“Anitta é a artista do momento, a mulher do ano, sucesso internacional, embora muitos ainda a chamem de “funkeira”, pejorativamente, para confiná-la em uma favela musical. Mas por que ela também incomoda tanto? Não tem voz! Gritava a velha guarda quando João Gilberto apareceu há 50 anos, em defesa das “grandes vozes” da Rádio Nacional. Gritaram de novo com Anitta, mas sua participação impecável na abertura das Olimpíadas, a convite de Caetano Veloso e Gilberto Gil, além do aval dos mestres, calou as bocas e encheu os ouvidos com uma voz doce, afinada e suingada”, disse o colunista.
“Quem se proporia o desafio de lançar um clipe por mês durante um ano? E mais: com ótimas músicas em português, espanhol e inglês, de bossa nova eletrônica a reggaeton e funk de favela, filmados da Amazônia ao Vidigal, com Anitta enlouquecendo o Brasil com seu biquíni de fita isolante. Nunca um artista brasileiro foi tão longe e tão alto no mundo ultracompetitivo do pop internacional. E ela está só começando”, continuou o global.
https://www.youtube.com/watch?time_continue=3&v=KCWB1cQ1C1k
Fonte: opovo
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Carnaval:homenageados da 40ª edição do Baile dos Artistas


O Baile dos Artistas quebra e resgata tradições nesta 40ª edição. Além do deslocamento de local - do Internacional, onde ocorria até 2017, para o Baile Perfumado-, rolou mudança também nos homenageados. O talismã, que era uma reverência sempre a alguma jornalista, desta vez irá para a produtora Maria do Céu. Cida Pedrosa será a Rainha; e Germano Haiut, o homenageado oficial. 

Valdi Coutinho e a produção trazem de volta à programação as reverências por segmentos. Ana Veloso será a homenageada na categoria Artes Plásticas; Lirinha, na Música; Carmen Virgínia, na Gastronomia; Mônica Lira, na Dança; Paço do Frevo, no Carnaval; Walter Moreira Santos, na Literatura; Renata Pinheiro, no Cinema; o Marco Pernambucano da Moda, na Moda; Gleide Selma, na Fotografia; e Mão Molenga, no Teatro. 

Vale lembrar que Mart'nália é o nome principal do agito, que ainda terá a DJ Lala K e a Orquestra de Frevo Ademir Araújo. Promete bombar!
Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Relembre os grandes momentos da rainha do rock brasileiro

A rainha do rock brasileiro chega aos 70 anos: "É uma força-tarefa" (Foto: Guilherme Samora)
Eternizada por Caetano Veloso como “a mais completa tradução” de São Paulo, na música “Sampa”, Rita Lee Jones nasceu na capital paulista em 31 de dezembro de 1947. Considerada uma das maiores artistas brasileiras de todos os tempos – recordista em vendas de discos –, a cantora que acumula 50 anos de carreira também se mostrou, no ano passado, uma escritora best-seller, com o lançamento de sua autobiografia: o livro se manteve no ranking dos mais lidos durante meses. 
Na publicação, Rita passou toda sua vida a limpo, desde a infância, passando pela formação dos Mutantes, as aventuras psicodélicas, prisão, casamento e parceria com Roberto de Carvalho, o sucesso estrondoso e a relação com os três filhos – Beto, João e Antonio –, sem deixar de se autocriticar e de também revelar seus reveses. Ela contou com a ajuda do jornalista e grande amigo Guilherme Samora para localizar na linha do tempo acontecimentos importantes de sua trajetória. 
“Fazer 70 anos não é um privilégio, é uma força-tarefa. Haja inteligência emocional”, resume Rita à coluna, em uma balanço sobre a data. Aposentada da música desde 2012, quando lançou o álbum Reza e se despediu dos palcos, hoje a cantora vive rodeada por seus bichos – ela é uma grande ativista contra os maus-tratos aos animais – e se dedica mais à escrita. 
Rita Lee, cantora (Foto: IVO BARRETI/ESTADÃO CONTEÚDO)

Em 2017, ela lançou um novo livro, Dropz, com contos de ficção, retornando mais uma vez à lista dos mais vendidos. Entre 1986 e 1992, publicou quatro livros infantis, tendo como protagonista o rato cientista Dr. Alex. Em 2013, também publicou o livro Storynhas, ilustrado por Laerte.
Plural, Rita também fez as vezes de atriz nos filmes As amorosas (1968), Fogo e paixão (1988), Dias melhores virão (1989), Tanta estrela por aí..., em que encarnou Raul Seixas, e Durval Discos (2003), além de dublar a personagem dos quadrinhos Rê Bordosa, para a animação Wood & Stock: sexo, orégano e rock 'n' roll. Na TV, participou das novelas Top modelVamp Celebridade
Dos 35 álbuns que lançou, a estreia veio com o primeiro disco dos Mutantes, chamado apenas de Os mutantes (1968), do grupo que formou com os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, seguido pelo LP-manifesto Tropicália - Ou panis et circenses, ao lado de Caetano VelosoGilberto GilNara LeãoGal CostaRogério DupratTom Zé e Torquato Neto.   
O encontro com os baianos levou Rita ao III Festival de Música Popular, em 1967, para defender com a banda e Gilberto Gil a canção “Domingo no parque”, executada debaixo de vaias por causa da introdução da guitarra elétrica. No ano seguinte, a irreverência da cantora fez história. Ela surgiu vestida de noiva para cantar “Caminhante noturno”. O vestido tinha sido emprestado por Leila Diniz e nunca foi devolvido.  
Rita com Arnaldo e Sérgio na capa do álbum Mutantes (1969): vestido de noiva foi emprestado por Leila Diniz  (Foto: Reprodução)
Depois de seis discos lançados com os Mutantes e dois que assinou solo, mas que tinham a mão dos músicos, Rita foi expulsa da banda. “Uma escarrada na cara seria menos humilhante. Em vez de me atirar de joelhos chorando e pedindo perdão por ter nascido mulher, fiz a silenciosa elegante. Me retirei da sala em clima dramático, fiz a mala, peguei Danny (a cadela) e adiós. No meio da estradinha da Cantareira, parei no acostamento e chorei, gritei, descabelei, xinguei feito louca abraçada a Danny, que colaborava com uivos e latidos”, descreve a cantora em sua autobiografia.
A cantora em foto da capa do disco Fruto proibido, divisor de águas em sua carreira  (Foto: Reprodução)
Passado o episódio, Rita formou com Lúcia Turnbull a dupla Cilibrinas do Éden, que logo evoluiu para o grupo Tutti Frutti. O primeiro disco com eles, Atrás do porto tem uma cidade, foi lançado em 1974, puxado já por três hits: “Mamãe natureza”, primeira música inteiramente feita por Rita, “Ando jururu” e “Menino bonito”. 
Em 1975, com o lançamento do álbum Fruto proibido, divisor de águas de sua carreira, Rita deixou sua marca na história do rock nacional, influenciando diversas gerações. A música “Ovelha negra” logo se tornou onipresente nas rádios e é até hoje um hino da rebeldia. 
Rita conheceu Roberto de Carvalho durante as gravações do disco. “Um amigo que me levou. Mas o encontro em que rolou um clima foi no MAM do Rio. Ia ter show do Ney Matogrosso, mas foi cancelado por causa de uma tempestade. Eu estava no bar, a Rita chegou e alguma coisa começou a acontecer ali”, recorda o músico, casado com a cantora desde 1976. 
Com o fim do Tutti Frutti, os dois iniciaram uma bem-sucedida parceria em discos antológicos como Rita Lee (1979), Rita Lee (Lança Perfurme) (1980), Saúde (1981) e Rita Lee e Roberto de Carvalho (1982). Em 1983, a dupla caiu na estrada com uma turnê que passou por diversos estádios brasileiros, tamanho o sucesso de músicas como “Baila comigo”, “Mania de você”, “Doce vampiro”, “Saúde” e “Flagra”, entre muitas outras. Os discos dessa fase venderam milhões e milhões de cópias.  
Rita e Roberto: milhões e milhões de cópias vendidas dos discos da dupla recheados de hits  (Foto: Reprodução)
No início dos anos 1990, Rita também foi precursora do formato acústico, com o show Bossa 'n' roll, que também virou disco. Apesar de bem-sucedida, a fase foi marcada por uma breve separação do casal, problemas com drogas e bebida alcoólica. Em seu livro, Rita diz que nesta época a ajuda do filho mais velho, Beto, com quem morava, foi essencial para a sua sobrevivência.  
Embora esteja longe da bebida e das drogas há mais de dez anos, Rita reconhece que deve a elas grandes momentos de sua obra. “As melhores músicas eu fiz alterada, e as piores também", conta a avó de Izabela, de 11 anos, e de Arthur, nascido neste ano.
Por causa do aniversário de 70 anos, a cantora ganhou uma homenagem de Lulu Santos com o álbum Baby baby, em que o cantor dá nova roupagem a diversos sucessos da Rainha do Rock. “Ao ler a biografia dela, percebi quanto aquilo também era minha própria história. Rita é a artista brasileira de quem sou mais fã, estrela dos shows que mais vi e cujas letras sei, a grande maioria, de cor”, derrete-se Lulu. 
Revista Época/Bruno Astuto
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Artes:Filme com Harry Dean Stanton conta a história de um homem que chegou ao fim de uma vida que não acaba

Em setembro deste ano, o ator Harry Dean Stanton faleceu, aos 91 anos. A carreira longeva começou em 1954, mas seu primeiro papel principal só chegou 20 anos depois, em Paris, Texas. O filme do diretor Wim Wenders o catapultou para a fama. Daí em diante, ele nunca mais voltou a ser anônimo, embora continuasse quase inteiramente dedicado a papéis de apoio. Ele foi o pai desempregado de Molly Ringwald no romance adolescente A garota de rosa-shocking; o apóstolo Paulo em Última tentação de Cristo, de Martin Scorsese; um detetive particular em Coração selvagem, de David Lynch; um juiz em Medo e delírio, de Terry Gilliam; um poligâmico corrupto na série Amor imenso, da HBO. Antes de morrer, Stanton retornou ao posto de protagonista. Ele estrela o filme Lucky, em cartaz no Brasil.
Harry Dean Stanton é um senhor que viveu demais no filme Lucky, o último de sua carreira (Foto: Divulgação)
Na superfície, o longa-metragem é a história de um homem velho e solitário, que atende pelo apelido de Lucky (sortudo, em português), e a vida rotineira que ele leva. Enquanto o público acompanha esse senhor frágil em sua travessia incessante pela cidade poeirenta onde mora, o filme ganha cada vez mais profundidade. Quando menos se espera, a trama se transforma em uma argumentação sobre grandes questões: a mortalidade e o significado da vida, o valor dos relacionamentos e a vulnerabilidade que eles exigem.
Lucky marca a estreia do ator John Carroll Lynch na direção – outro ator famoso por papéis secundários importantes, como em Fargo,Zodíaco Ilha do medo. Também é a primeira vez que um roteiro da dupla Logan Sparks e Drago Sumonja chega às telonas. Eles escreveram a história com Stanton em mente, o que explica semelhanças importantes entre personagem e ator: Stanton também serviu na Marinha durante a Segunda Guerra Mundial, nunca casou, nem teve filhos.
Todos os dias, Lucky segue uma rotina rigorosa. Liga o rádio, faz cinco exercícios de ioga com sua roupa de baixo, fuma três cigarros, toma um copo de leite frio (que ele retira de uma geladeira praticamente vazia), escova os dentes, penteia os cabelos, se troca e sai para uma caminhada. Ele para numa lanchonete, onde faz as palavras cruzadas e troca conversas espaçadas com os funcionários. Segue para uma loja de conveniência onde compra mais cigarros e leite. Então, vai para casa, onde assiste a programas de auditório. À noite, ele se dirige a um bar, para tomar drinques de  bloody mary e ouvir os moradores da cidade discursarem nostálgicos sobre suas vidas.
Lucky é como um relógio, que todos os dias faz as mesmas coisas e percorre a mesma volta. Até que um dia uma das engrenagens sai do lugar. Hipnotizado pelo visor digital de sua cafeteira, Lucky desmaia. Seu médico não encontra nada de errado, apesar da vasta idade do paciente. A causa da queda é simples: Lucky está velho. Seu corpo insiste em viver, mas aos poucos não aguentará mais o fardo. A ideia abala o protagonista. Ele sabe que o fim está próximo, mas está tão perto que é impossível enxergá-lo. Memórias antigas começam a borbulhar em seus pensamentos, e suas tendências eremíticas tornam-se mais pronunciadas e agressivas. Ao mesmo tempo, sua fala se torna mais caudalosa e profunda. Tomado pela iluminação de seu apagão, ele profere frases de efeito como: “Realismo é aceitar uma coisa como ela é. Mas o que você vê não é o que eu vejo”.
A idade avançada de Stanton contribui para deixar o retrato de um Lucky próximo da morte verossímil: ele caminha a passos curtos, com uma cadência bem marcada de quem busca equilíbrio cada vez que a sola do pé toca o chão. Os olhos escuros estão apoiados sobre bolsas inchadas, as bochechas têm vincos profundos e a fala parece precisar de uma força descomunal para passar dos pulmões à boca. Enquanto fuma seus cigarros, observa o nada, como quem não vê mais o futuro, porque já ultrapassou o seu próprio. Com seu charme, o personagem mostra como a velhice precisa ser vista com maior empatia por todos.
A única certeza que o ser humano tem é que um dia deixará de existir. O que acontece depois disso fica a cargo da fé (ou falta dela) de cada um. Enquanto os créditos de nossa vida não sobem, nos resta escolher entre ser protagonistas ou coadjuvantes. Harry Dean Stanton prova que é possível levar o filme de sua vida até o fim com maestria, mesmo que demore.
Época
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 24 de dezembro de 2017

Feliz Natal para tod@s


Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Vídeo SAMARICA PARTEIRA- Luiz Gonzaga


 Oi sertão!
- Ooi!
- Sertão d' Capitão Barbino! Sertão dos caba valente...
- Tá falando com ele!...
- ...e dos caba frouxo também.
-...já num tô dento.
- Há, há, há... [risos]
- sertão das mulhé bonita...
– ôoopa
- ...e dos caba fei' também ha, ha
- ...há, há, há... [risos]

- Lula!
- Pronto patrão.
- Monte na bestinha melada e risque. Vá ligeiro buscar Samarica parteira que Juvita já tá com dô de menino.

Ah, menino! Quando eu já ia riscando, Capitão Barbino ainda deu a última instrução:
- Olha, Lula, vou cuspi no chão, hein?! Tu tem que vortá antes do cuspe secá!
Foi a maior carreira que eu dei na minha vida. A eguinha tava miada.

Piriri piriri piriri piriri piriri piriri piriri
uma cancela: nheeeiim ... pá...
Piriri piriri piriri piriri piriri piriri
outra cancela: nheeeiim... pá!
Piriri piriri piriri pir... êpa !
Cancela como o diabo nesse sertão: nheeeiim... pá!
Piriri piriri piriri piriri
Um lajedo: patatac patatac patatac patatac patatac . Saí por fora !
Piriri piriri piriri piriri piriri piriri piriri piriri
Uma lagoa, lagoão: bluu bluu, oi oi, kik' k' - a saparia tava cantando.

Aha! Ah menino! Na velocidade que eu vinha essa égua deu uma freada tão danada na beirada dessa lagoa, minha cabeça foi junto com a dela!... e o sapo gritou lá de dentro d'água:
- ói, ói, ói ele agora quaje cai!

... Sapequei a espora pro suvaco no vazi' dessa égua, ela se jogou n'água parecia uma jangada cearense: [bluu bluu, oi oi, kik' k'] Tchi, tchi, tchi.
Saí por fora.

Piriri piriri piriri piriri piriri piriri piriri
Outra cancela: nheeeiim... pá!
piriri piriri piriri piriri piriri piriri

Um rancho, rancho de pobe...
- Au au!
Cachorro de pobe, cachorro de pobe late fino...
- Tá me estranhan'o cruvina?
Era cruvina mermo. Balançô o rabo. Não sei porque cachorro de pobe tem sempre nome de peixe: é cruvina, traíra, piaba, matrinxã, baleia, piranha.
Há! Maguinho mas caçadozinh' como o diabo!
Cachorro de rico é gooordo, num caça nada, rabo grosso, só vive dormindo. Há há ... num presta prá nada, só presta prá bufar, agora o nome é bonito: é white, flike, rex, whiski, jumm.
Há! Cachorro de pobe é ximbica!

- Samarica, ooooh, Samarica parteeeeira!

Qual o quê, aquelas hora no sertão, meu fi', só responde s'a gente dê o prefixo:
- Louvado seja nosso senhor J'us Cristo!
- Para sempre seja Deus louvado.

- Samarica, é Lula... Capitão Barbino mandou vê a senhora que Dona Juvita já tá com dô de menino.
- Essas hora, Lula?
- Nesse instante, Capitão Barbino cuspiu no chão, eu tem que vortá antes do cuspe secá.

Peguei o cavalo véi de Samarica que comia no murturo ? Todo cavalo de parteira é danado prá comer no murturo, não sei porque. Botei a cela no lombo desse cavalo e acochei a cia peguei a véia joguei em riba, quase que ela imbica p'outa banda.

- Vamos s'imbora Samarica que eu tô avexado!
- Vamo fazê um negócio Lula? Meu cavalin' é mago, sua eguinha é gorda, eu vou na frente.
- Que é que há Samarica, prá gente num chegá hoje? Já viu cavalo andar na frente de égua, Samarica? Vamo s'imbora que eu tô avexado!!

Piriri tic tic piriri tic tic piriri tic tic
nheeeiim... pá!
Piriri tic tic piriri tic tic
bluu oi oi bluu oi, uu, uu

- ói, ói, ói ele já voltoooou!

Saí por fora.

Piriri tic tic piriri tic tic piriri tic tic piriri tic tic
Patateco teco teco, patateco teco teco, patateco teco teco

Saí por fora da pedreira

Piriri piriri tic tic piriri tic tic
nheeeiim... pá !
Piriri tic tic piriri tic tic piriri tic tic
nheeeiim... pá !
Piriri tic tic piriri tic tic piriri tic tic
nheeeiim... pá!
Piriri piriri tic tic piriri tic tic

- Uu uu.

- Tá me estranhando, Nero? Capitão Barbino, Samarica chegou.

- Samarica chegou!!

Samarica sartou do cavalo véi embaixo, cumprimentou o Capitão, entrou prá camarinha, vestiu o vestido verde e amerelo, padrão nacioná, amarrou a cabeça c'um pano e foi dando as instrução:

- Acende um incenso. Boa noite, D. Juvita.
- Ai, Samarica, que dô !
- É assim mermo, minha fi'a, aproveite a dô. Chama as muié dessa casa, p'a rezá a oração de São Reimundo, que esse cristão vem ao mundo nesse instante. B'a noite, cumade Tota.
- B'a noite, Samarica.
- B'a noite, cumade Gerolina.
- B'a noite, Samarica.
- B'a noite, cumade Toinha.
- B'a noite, Samarica.
- B'a noite, cumade Zefa.
- B'a noite, Samarica.
- Vosmecês sabe a oração de São Reimundo?
- Nós sabe.
- Ah Sabe, né? Pois vão rezando aí, já viu??

[vozes rezando]

- Capitão Barbiiino! Capitão Barbino tem fumo de Arapiraca? Me dê uma capinha pr' ela mastigar. Pegue D. Juvita, mastigue essa capinha de fumo e não se incomode. É do bom! Aguenta nas oração, muié! [vozes rezando] Mastiga o fumo, D. Juvita... Capitão Barbino, tem cibola do Cabrobró?
- Ai Samarica! Cebola não, que eu espirro.
- Pois é prá espirrar mesmo minha fi'a, ajuda.
- Ui.
- Aproveite a dor, minha fi'a. Aguenta nas oração, muié. [vozes rezando] Mastigue o fumo D. Juvita.
- Capitão Barbiiino, bote uma faca fria na ponta do dedão do pé dela, bote. Mastigue o fumo, D. Juvita. Aguenta nas oração, muié. [vozes rezando alto].
- Ai Samarica, se eu soubesse que era assim, eu num tinha casado com o diabo desse véi macho.
- Pois é assim merm' minha fi'a, vosmecê casou com o vein' pensando que ela num era de nada? Agora cumpra seu dever, minha fi'a. Desde que o mundo é muundo, que a muié tem que passar por esse pedacinh'. Ai, que saudade! Aguenta nas oração, muié! [vozes rezando alto].Mastigue o fumo, D. Juvita.
- Ai, que dô!
- Aproveite a dô, minha fi'a. Dê uma garrafa pr' ela soprá, dê. Ô, muié, hein? Essa é a oração de S. Reimundo, mermo?
- É..é [muitas vozes].
- Vosmecês num sabe outra oração?
- Nós num sabe... [muitas vozes].
- Uma oração mais forte que essa, vocês num têm?
- Tem não, tem não, essa é boa [muitas vozes]
- Pois deixe comigo, deixe comigo, eu vou rezar uma oração aqui, que se ele num nascer, ele num tá nem cum diabo de num nascer: "Sant' Antoin pequenino, mansadô de burro brabo, fazei nascer esse menino, com mil e seiscentos diabo!"
[choro de criança]

- Nasceu e é menino homem!
- E é macho!
- Ah, se é menino homem, olha se é? Venha vê os documento dele! E essa voz!

Capitão Barbino foi lá detrás da porta, pegou o bacamarte que tava guardado a mais de 8 dia, chegou no terreiro, destambocou no oco do mundo, deu um tiro tão danado, que lascou o cano. Samarica dixe:

- Lascou, Capitão?
- Lascou, Samarica. É mas em redor de 7 légua, não tem fi' duma égua que num tenha escutado. Prepare aí a meladinha, ah, prepare a meladinha, que o nome do menino... é Bastião.
Compositorr Orlando Rodrigues
Professor Edgar Bom Jardim - PE